Flores, pétalas, folhagens, pássaros, aves. Tudo muito comum em qualquer jardim ou num ambiente natural. Seria completamente normal, não fossem feitos (esculpidos) em frutas e legumes. Este é o trabalho, ou melhor, a arte de Maria Helena Calixto da Silva, de 54 anos, aluna do curso de Gastronomia da Faculdade de Jaguariúna - FAJ.
Em poucos minutos, a futura gastrônoma transforma uma melancia em um belo arranjo floral e uma maçã vira um lindo cisne. “A melancia é uma das melhores frutas para esculpir, pois apresenta as cores verde, branca e vermelha”, revela a escultora, com uma simplicidade que até faz parecer fácil reproduzir sua arte.
A simpática itapirense conta que o interesse pela arte vem de muito tempo, desde quando ainda era criança. “Trago na lembrança que, aos 9 anos, adorava desenhar. Pegava as canecas antigas da minha mãe e, apenas olhando, desenhava no caderno. Penso que isso está no meu sangue, é um dom”, conta.
É de impressionar a rapidez e agilidade que Maria Helena tem nas mãos. Aliás, tudo acontece rapidamente na vida da estudante, que tem cinco filhos e vem de uma família de nove irmãos.
FORMAÇÃO
Em apenas quatro anos Maria Helena saiu do ensino fundamental e chegou à faculdade. “Para ser ter uma ideia, em 2008 eu só tinha o primário”. Maria conta que com muito esforço matriculou-se no supletivo, concluiu o ensino médio, fez um cursinho pré-vestibular e ingressou na faculdade. “Para chegar até aqui passei por outras dificuldades, como falta de recursos, de dinheiro para estudar. Mas não desanimei. Fui aprovada em um vestibulinho e fiz o cursinho pré-vestibular sem pagar nada. Depois me inscrevi no Fies e realizei o sonho de estudar em uma faculdade”, relembra entusiasmada.
A ânsia por qualificação não parou por aí. Maria Helena cursou informática em 2010 e atualmente estuda inglês. “Eu não sabia nem ligar o computador”, dispara com um largo sorriso no rosto. “Hoje até ensino os colegas”.
Além dos estudos, Maria Helena tem uma rotina profissional movimentada. Das 6h às 12h trabalha na cozinha do Instituto Bairral, em Itapira, onde está há mais de 20 anos. Foi ali que descobriu o dom, ou a habilidade, de esculpir em frutas e legumes. “Comecei como aprendiz e hoje sou líder e, por conta da minha função, tinha que organizar a cada três meses um evento para diretores”. Até aí tudo bem. Mas Maria Helena acrescenta que o evento exigia, além de pratos bem elaborados, uma decoração “caprichada”.
Diante do desafio, ela mais uma vez teve que se aprimorar e, como sempre, de uma hora para outra. “Minha supervisora me mandou para São Paulo, onde fiz um curso com duração de uma hora para aprender a arte de decoração com frutas. Depois disso, não parei mais”, conta.
Maria voltou a Itapira e começou a colocar em prática tudo o que aprendeu naquela curta aula, sempre acrescentando seu toque pessoal e pitadas generosas de criatividade. “Fiz o evento e foi um sucesso. Teve até uma vez que um palestrante do Bairral levou minhas esculturas dizendo que mandaria para uma exposição”, lembra com orgulho. “Já fui até contratada para decorar uma festa de halloween”, recorda com seu bom humor característico.
[fancygallery id="17" album="386"]