Para psicóloga, plano de carreira deve se feito já na graduação

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Mylene Dias Rezende afirma que, neste período, “os próprios colegas e professores farão parte de sua network”

 
Há 25 anos trabalhando em Recursos Humanos e há 10 atuando como docente titular nas disciplinas ligadas à área nos cursos de graduação e pós-graduação em Psicologia e Administração de Empresas (presencial e EAD – Ensino a Distância), a psicóloga Mylene Dias Rezende é autora do livro “Liderança, Pessoas e Empreendedorismo” (2010).
Atualmente é docente no curso de tecnólogo em RH e responsável pelo Núcleo de Carreira pertencente ao Programa de Orientação ao Estudante (PROE). O PROE tem como objetivo auxiliar os universitários da instituição na elaboração de um plano de carreira que irá facilitar a empregabilidade.
Nesta entrevista, Mylene fala sobre a importância do planejamento para o desenvolvimento da carreira e defende que ele deve ser feito ainda na graduação. Acompanhe:
Qual a importância de se fazer um plano de carreira?
O plano de carreira obriga a pessoa a se organizar no âmbito pessoal e profissional. Ajuda a avaliar seus pontos fortes (que precisam ser otimizados) e fracos (que precisam ser desenvolvidos) para se posicionar melhor no mercado. No plano pessoal, projetos de vida e, no profissional, visão de futuro, de negócio e network. Muitas vezes acontece de um profissional ser desligado de uma empresa em função de um gap que precisa ser reavaliado para que o problema não se repita. A constante revisão de seus níveis de desenvolvimento auxilia nisso.
Quando elaborar um plano de carreira?
O ideal é iniciar junto à graduação. Os próprios colegas e professores farão parte de sua network, pessoas que podem indicar alguns caminhos, tais como estágios, cursos e, quem sabe, uma indicação profissional no futuro breve.
É importante que a empresa saiba que o funcionário tem um plano de carreira?
Com certeza! Muitas empresas têm um programa de carreira para seus funcionários. O ideal é que a união de interesses convirja. Desta forma, o profissional tem visão de futuro e a “engrenagem” funciona melhor em termos organizacionais.
O plano de carreira é difícil de ser elaborado?
Não é exatamente difícil, mas exige disciplina e determinação. O mais complicado é o profissional se dispor a realizar uma autoavaliação honesta e se conscientizar do que merece atenção, estabelecendo planos de ação para minimizar as fragilidades e potencializar seu diferencial.
Quais as perguntas a serem feitas para se elaborar um plano de carreira?
O ideal não é fazer perguntas. Como o próprio nome garante, ‘plano’ indica que o profissional avalie em que condições ele está (formação, momento de vida, estrutura familiar) e o que ele gostaria de fazer profissionalmente para alcançar seus sonhos. Normalmente, o profissional pode encontrar na literatura e/ou em consultorias especializadas um programa que considera uma metodologia com etapas e questões que o auxiliará em suas reflexões necessárias.
Como desenvolver a carreira profissional e ganhar visibilidade?
Em primeiro lugar é necessário ter condições pessoais para a função que quer exercer e, através disso, estruturar um plano de marketing pessoal e uma significativa rede de contatos. Participar de grupos de estudos, associações de classe, contatar empresas, clientes, fornecedores e concorrentes, além participar de congressos, feiras e cursos, ajudam sobremaneira.
Por que algumas pessoas passam um bom tempo na empresa e não conseguem o reconhecimento? Muitas vezes se empenham e os louros da conquista ficam para a equipe. Como obter evolução em uma empresa?
Algumas coisas podem estar acontecendo. Um dos fatores vitais é o profissional não saber fazer o marketing pessoal. Às vezes são tímidos, inseguros ou têm baixa autoestima. Hoje, ser bom tecnicamente não é suficiente. Ele precisa contar isso para as pessoas e para o mercado. Não divulgar seus feitos interna ou externamente é um obstáculo a ser vencido. Evidentemente que “vender” os louros como sendo também da equipe é fundamental, pois traz satisfação e reconhecimento ao grupo. No entanto, é imprescindível que a empresa saiba quem liderou essa conquista. O marketing pessoal poderia ajudar neste caso? Como fazê-lo sem parecer pretensioso? Em nossa cultura, falar bem de si mesmo pode ser visto como prepotência, arrogância ou “querer aparecer”, e isso é péssimo. Como pontuado na questão anterior, o profissional que experimenta esse bloqueio precisa de ajuda para superá-lo. Dependendo do caso, uma terapia pode ajudar. Fazer marketing pessoal adequado, verdadeiro, com dados e fatos honestos não é crime. É vantagem competitiva e empregabilidade.
O que é uma pessoa bem-sucedida?
Pode parecer senso comum, mas bem-sucedida é aquela que é feliz com o que faz. O profissional não precisa se tornar o presidente da empresa. Eis outro tabu a ser superado. Não adianta também ele ganhar muito dinheiro, sacrificar sua vida pessoal para ter status e enfartar aos 45 anos. Ele pode, por exemplo, ser um técnico com grande conhecimento e reconhecimento público de sua expertise. Como dizem os headhunter, são “moscas brancas disputadas no mercado, pagas a peso de ouro”.
Quais as consequências para a falta de planejamento de carreira?
Tenho visto profissionais com 4 ou 5 anos de carreira "batendo a cabeça", contando com experiências por tentativas e erros, perdendo um tempo precioso. Assim, qualquer coisa serve! Do ponto de vista da empresa, resulta na imobilização no cargo, desmotivação, visibilidade para cortes de pessoal. No mercado, dificuldade de ser recolocar e baixa visibilidade na comunidade profissional a que pertence, ou ainda pode ser reconhecido como um “faz tudo”, sem foco.
O planejamento de carreira deve ser veiculado à empresa que se trabalha? Ou deve ser independente?
Um profissional com uma carreira planejada se destaca e é rapidamente identificado pela organização, pois tende a ter maior clareza do que quer e isso é muito bom. O processo de planejamento do profissional cria visibilidade e possibilidades impulsionadas pela empresa. Mas é importante ficar claro que a carreira é do profissional e ele é o responsável por ela. Dentro de uma carreira profissional quais os fatores que garantem sucesso ao colaborador? Qual a porcentagem que o fator sorte pode ajudar neste caso? Não existe sorte! Existe planejamento, visão estratégica de mercado e determinação, muita determinação. Quando um headhunter quer tirar um profissional de uma empresa para assumir novos desafios, isso é sorte?
Certa vez se especulava sobre a sorte que um conhecido goleiro teve quando defendeu bolas incríveis. Tranquilamente ele respondeu dizendo que não foi sorte, foi resultado de mais de oito horas por dia de treino e repetição de jogadas. O que promove o sucesso profissional é muito trabalho, investimento de toda ordem como, por exemplo, no marketing pessoal, na atualização permanente, network e o equilíbrio com a vida pessoal. É aquela tal história: o sucesso vem antes do trabalho somente no dicionário.

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